Questões de Gêneros Textuais (Português)

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O texto a seguir consiste no trecho inicial do conto Além do ponto, que integra o livro Morangos Mofados (1982), de Caio Fernando Abreu (1948-1996).  
     Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada, eu sempre perdia todos pelos bares, só uma garrafa de conhaque barato apertada contra o peito, parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia no meio da chuva, uma garrafa de conhaque e um maço de cigarros molhados no bolso. Teve uma hora que eu podia ter tomado um táxi, mas não era muito longe, e se eu tomasse o táxi não poderia comprar cigarros nem conhaque, e eu pensei com força que seria melhor chegar molhado, porque então beberíamos o conhaque, fazia frio, nem tanto frio, mais umidade que entrava pelo pano das roupas, pela sola fina dos sapatos, e fumaríamos beberíamos sem medidas, haveria discos, sempre aquelas vozes roucas, aquele sax gemido e o olho dele posto em cima de mim, ducha morna distendendo meus músculos. Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio e o nariz começava a escorrer, eu limpava com as costas da mão e o líquido do nariz endurecia logo sobre os pelos, eu enfiava as mãos avermelhadas nos bolsos e ia indo, eu ia indo pulando as poças d’água com as pernas geladas.
ABREU, Caio Fernando. Morangos Mofados. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 34.
Sobre o trecho, assinale a alternativa correta:

  • A A narração funciona como um monólogo interior, no qual o protagonista apresenta-se como um sujeito seguro de si e de suas ações e decisões.
  • B Há um interlocutor bem definido na cena, a quem o narrador-protagonista se dirige, justamente o sujeito que ele está indo encontrar.
  • C A menção às “vozes roucas” e ao “sax gemido” sugere que o espaço interior para o qual o narrador se encaminha é tão hostil e precário quanto o espaço exterior pelo qual ele se desloca.
  • D O uso de repetições, como “Chovia, chovia, chovia” e “ia indo, eu ia indo”, contribui para intensificar a carga dramática e psicológica da cena narrada.

O poema a seguir integra o livro Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927), de Oswald de Andrade (1890-1954). 
Meus oito anos
Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da Rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais
Eu tinha doces visões Da cocaína da infância Nos banhos de astro-rei Do quintal de minha ânsia A cidade progredia Em roda de minha casa Que os anos não trazem mais Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais
ANDRADE, Oswald de. Caderno de poesia do aluno Oswald (Poesias reunidas). São Paulo: Círculo do Livro, 1985. p. 158-159.
Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmações a respeito do poema e de seu autor.
( ) O poema de Oswald de Andrade faz uma releitura, em tom de paródia, do poema homônimo de Casimiro de Abreu, poeta romântico. ( ) A agramaticalidade do verso “Sem nenhum laranjais” relaciona-se com o projeto modernista brasileiro, que considerava o coloquialismo e a fala popular, entre outros elementos, como contribuições importantes para a construção de uma língua e uma literatura genuinamente brasileiras. ( ) A oposição entre o “quintal de terra/ Da Rua de Santo Antônio” e a cidade que “progredia/ Em roda de minha casa” assinala o processo de migração do campo para a cidade, antecipando uma temática que será recorrente no Romance de 30.
O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

  • A V – F – V
  • B F – V – F
  • C V – V – F
  • D F – F – V

Observe a tradução de um fragmento textual francês:
“Na origem, a casa tinha sido acoplada a um computador, como tantas outras, a um computador previsional encarregado de a fazer evoluir em função dos cálculos de probabilidade de que se alimentava a máquina. A eventualidade de um inverno frio fazia com que surgisse um engrossamento progressivo das paredes, num isolamento reforçado. Uma dupla camada de telhas crescia lentamente sobre o teto, uma lareira suplementar emergia do solo como um legume perfurando a terra de um jardim.”
Trata-se, no caso, de uma narrativa de ficção científica; a característica desse gênero narrativo que se aplica a esse segmento textual, é:

  • A localização em um tempo futuro, que é visto como passado, a ponto de ser narrado;
  • B narrativa que envolve um mundo cujos elementos são completamente desconhecidos do leitor atual;
  • C apresentação de uma visão pessimista do mundo futuro, governado por máquinas incontroláveis;
  • D sugestão de uma tecnologia avançada, não criada pelos humanos, mas por seres superdotados;
  • E narrativa em que o próprio narrador mostra desconhecimento da realidade narrada.

Os diferentes gêneros textuais apresentam particularidades linguístico-textuais que são determinantes para que o leitor produza sentidos. Sobre o texto poético de Drummond, é correto afirmar que

  • A apresenta uma riqueza de figuras de estilo capazes de despertar diferentes sentidos no leitor.
  • B tem como marcas centrais o uso excessivo de rimas, típicas do gênero lírico.
  • C emprega a metáfora, a fim de produzir um sentido único, a ser decifrado pelo leitor.
  • D explora eminentemente a linguagem denotativa, visando informar o leitor sobre o tema tratado.
  • E dispõe de versos e rimas a fim de convencer o leitor sobre o tema discutido.

Observe a tradução de um fragmento textual francês:
“Na origem, a casa tinha sido acoplada a um computador, como tantas outras, a um computador previsional encarregado de a fazer evoluir em função dos cálculos de probabilidade de que se alimentava a máquina. A eventualidade de um inverno frio fazia com que surgisse um engrossamento progressivo das paredes, num isolamento reforçado. Uma dupla camada de telhas crescia lentamente sobre o teto, uma lareira suplementar emergia do solo como um legume perfurando a terra de um jardim.”
Trata-se, no caso, de uma narrativa de ficção científica; a característica desse gênero narrativo que se aplica a esse segmento textual, é:

  • A localização em um tempo futuro, que é visto como passado, a ponto de ser narrado;
  • B narrativa que envolve um mundo cujos elementos são completamente desconhecidos do leitor atual;
  • C apresentação de uma visão pessimista do mundo futuro, governado por máquinas incontroláveis;
  • D sugestão de uma tecnologia avançada, não criada pelos humanos, mas por seres superdotados;
  • E narrativa em que o próprio narrador mostra desconhecimento da realidade narrada.