A despeito da carência de recursos, havia um “pensamento ferroviarista” capixaba. Segundo Bittencourt, três linhas mestras norteavam-no: a primeira era uma crença geral de que a incrementação da vida econômica e material da província dependia da consolidação de sua ligação com Minas Gerais [...] Podemos exemplificá-la nas palavras do presidente Marcelino Tostes, o qual acreditava que: [...] “ligar essa província com a de Minas Geraes, por uma estrada de ferro, é Srs., attrahir a colonisação e a emigração espontaneas para seus uberrimos e incultos terrenos; é facilitar a exportação dos seus productos proporcionando um dos mais bellos portos do império; é estender o seu commercio e desenvolver a sua lavoura; é finalmente constituir a ligação directa com o estrangeiro”. (Espírito Santo (Província) Presidente, 1880-1881 (Marcelino Assis Tostes), Relatório... 1881, p.38.In.: Quintão, Leandro do Carmo, – 2008. Escrita da época.)
Num contexto mundial da Revolução Industrial em expansão, a estrada de ferro tornou-se um ícone ligado ao desenvolvimento de uma nação de um estado ou província. A construção das primeiras ferrovias, no Brasil, e mais especificamente no caso do Espírito Santo:
- A Estabelece uma estreita ligação entre café e ferrovia, pois, ao mesmo tempo em que muitas delas surgiram por causa dessa atividade, a expansão da produção para zonas longínquas se deu condicionada à construção dos trilhos.
- B Desenvolveu-se no contexto do Imperialismo Inglês, graças ao capital estrangeiro, distribuído com ênfase nas províncias com maior imigração, o que acabou por privilegiar os estados portuários como Rio de Janeiro e Espírito Santo.
- C Deveu-se à necessidade de um transporte de massa (pessoas) de custo baixo e para que o ouro, outros minérios, com extrema representatividade na economia capixaba, atingissem, com preços competitivos, os mercados consumidores.
- D Modernizou o transporte, rompendo com a precariedade então existente, e apresentando vantagens econômicas e comerciais, ligando não só as zonas de produção aos portos ou áreas próximas, mas integrando todo o Estado e este com a nação.
- E Manteve-se graças à presença exclusiva do Estado à frente do processo de construção da malha ferroviária, o que excluiu por completo a presença de capitais estrangeiros no processo, utilizando o capital recém-acumulado com o fim do tráfico escravo.