Questões da Prova do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) - Técnico - Biologia - CEFET-MG (2022)

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Lembro a pergunta que fez:
“Poderia levá-la imediatamente para mim?”
“Posso”, respondo, batendo recordes de concisão, encorajada pela concisão dele e pela ausência de um “por favor” que a forma interrogativa e o uso do futuro do pretérito não deveriam, a meu ver, desculpar totalmente.
“É muito frágil”, acrescenta, “tome cuidado, por favor”.
A conjugação do imperativo e o “por favor” também não me agradam, tanto mais que ele me acha incapaz de tais sutilezas sintáticas e só as emprega por gosto, sem a cortesia de imaginar que eu poderia me sentir insultada. É tocar o fundo do pântano social ouvir, pelo tom de sua voz, que um rico só se dirige a si mesmo e que, embora as palavras que pronuncia sejam tecnicamente dirigidas a você, ele nem sequer imagina que você seja capaz de compreendê-las.
BARBERY, Muriel. A elegância do ouriço. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).

A linguagem utilizada na interpelação à personagem provocou insatisfação por

  • A imprimir brevidade à interação.
  • B denotar o desinteresse do interlocutor.
  • C revelar uma erudição de difícil alcance.
  • D configurar uma forma de expressão formal.
  • E desconsiderar a polidez esperada para a situação.

O desvio gramatical discutido por Nuno Ramos em seu texto se refere ao(à)

  • A burocratização da linguagem, que tende a complicar o entendimento das pessoas ao se valer de vocábulos desconhecidos.
  • B personificação do termo “mesmo”, grafado com inicial maiúscula por se referir a uma pessoa ameaçadora.
  • C emprego oral que se faz nacionalmente do termo “mesmo”, corroborando o tom debochado do texto.
  • D ambiguidade atribuída ao termo “mesmo”, que pode ser tanto sujeito da oração quanto objeto oracional.
  • E uso indevido do termo “mesmo”, tomado, no exemplo citado, como pronome pessoal.

No primeiro parágrafo, o uso do recurso gráfico dos parênteses em “(outra palavra estranha)” foi usado com a mesma finalidade em

  • A (“verifique se está parado” é quase temer que fuja de repente).
  • B (de gente que caiu em poços de elevador, como Anecy Rocha).
  • C (com maiúscula).
  • D (suicida-se, de fato, dezenas de vezes).
  • E (e ser correspondido).

No texto de Itamar Vieira Junior, a atitude do personagem que reflete seu sentimento de pertencer à outra classe social é a de

  • A frequentar um lugar elegante, que lhe permitia participar dos eventos em seu entorno.
  • B usar sapatos lustrados, que evidenciam a condição privilegiada na qual ele se encontrava.
  • C respeitar os códigos sociais, conformando-se em ocupar os espaços que lhe eram determinados.
  • D ler um jornal, o que lhe permitia sair de sua realidade oprimida por uma sociedade preconceituosa.
  • E contemplar a paisagem, o que demonstra sua indiferença em relação aos acontecimentos do entorno.

O autor se identifica com o personagem no trecho:

  • A “Era sobre a luz, a luz que adentrava as vidraças e sobre o seu corpo, sobre o jornal e os sapatos gastos”.
  • B “porque tudo falava de alguma maneira sobre um desajuste seu ao mundo quase intransponível”.
  • C “E naquelas páginas estava a vida além da casa, do bairro, além da cidade.”.
  • D “Nos confinaram em baias, como animais domésticos, mesmo que não falássemos sobre isso”.
  • E “Mas naquele instante era um homem e lia, e se sentia parte do entorno”.