Questões da Prova da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - Enfermeiro - UNIFESP (2018)

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Pobre Velha Música!


Pobre velha música!

Não sei por que agrado,

Enche-se de lágrimas

Meu olhar parado.


Recordo outro ouvir-te,

Não sei se te ouvi

Nessa minha infância

Que me lembra em ti.


Com que ânsia tão raiva

Quero aquele outrora!

E eu era feliz? Não sei:

Fui-o outrora agora.

(PESSOA, Fernando. On line: http://arquivopessoa.net/textos/213. Acesso 20 mar 2018).


A palavra “agrado”, presente no segundo verso do poema, possui o mesmo significado literal de qual dos vocábulos abaixo?

  • A Aprovação.
  • B Afago;
  • C Carinho;
  • D Motivo;
  • E Contentamento.

Olhe e leia o desenho na camiseta abaixo:


Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas


Cada palavra ou expressão verbal do desenho corresponde a um número de 1 a 7. Qual sequência numérica geraria uma combinação não prevista pela sintaxe da língua portuguesa?

  • A 1-2-3-4-5-6-7.
  • B 1-3-2-4-5-6-7.
  • C 2-3-1-4-7-6-5.
  • D 1-2-3-6-7-4-5.
  • E 1-3-2-6-7-4-5.

Leia as frases abaixo:


Frase I: Se eu fosse doutor, a recepcionista escutaria as minhas reclamações.


Frase II: Se eu fosse, doutor, a recepcionista escutaria as minhas reclamações.


Considerando que a posição das vírgulas determina o sentido de cada um dos dois enunciados, qual das afirmações abaixo não é verdadeira?

  • A Na frase I, o falante acredita que caso ele fosse doutor, a atitude da recepcionista seria diferente.
  • B Na frase I, doutor é predicativo do sujeito de eu.
  • C Na frase II, doutor é um vocativo.
  • D Na frase I, "fosse" é a primeira pessoa do singular do pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo "ser".
  • E Na frase II, "fosse" é a primeira pessoa do singular do pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo "ser".

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas


A tirinha acima apresenta uma crítica ao (à):

  • A discurso corporativo de empresas marcado por formas alienadas de comunicação.
  • B modo coletivo como se trabalha em grandes empresas.
  • C maneira como as pessoas, em situações de descontração no trabalho, mentem.
  • D vulgarização dos resultados econômicos atingidos por empresas.
  • E fala democrática que caracteriza as formas de comunicação empresarial.

A aliança

Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo meu.

Fictício, claro.

Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meiofio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências... Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.

— Você não sabe o que me aconteceu!

— O quê?

— Uma coisa incrível.

— O quê?

— Contando ninguém acredita.

— Conta!

— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?

— Não.

— Olhe.

E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.

— O que aconteceu?

E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.

— Que coisa - diria a mulher, calmamente.

— Não é difícil de acreditar?

— Não. E perfeitamente possível.

— Pois é. Eu...

— SEU CRETINO!

— Meu bem...

— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. E ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.

— Mas, meu bem...

— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!

E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:

— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:

— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.

Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceríam.

— O mais importante é que você não mentiu pra mim. E foi tratar do jantar.

FONTE: http://www.releituras.com/lfverissiino_alianca.asp. Acesso 20 mar 2018.


Na crônica de Luís Fernando Veríssimo, a estratégia que gera o humor é o resultado

  • A da circunstância da perda da aliança no momento em que o homem trocava o pneu do carro.
  • B do encaminhamento narrativo inesperado do marido ao relatar uma mentira para sua mulher ao invés da verdade.
  • C da escolha de palavras requintadas e de uso técnico.
  • D da simplicidade da história e da presença de elementos do cotidiano.
  • E a clareza da linguagem e da descrição detalhada dos fatos.