“Alguém que circulasse pelas ruas do Rio de Janeiro no último quartel do século passado não precisaria ser um arguto observador para perceber que um dos mais graves problemas assolavam a cidade na ocasião era o da insalubridade. Centro nervoso do país, o Rio de Janeiro desfrutava à época da condição privilegiada de capital comercial, financeira, política, administrativa e cultural do Brasil. Esta condição, entretanto, se assegurava, por um lado, o direito da cidade proclamar-se vitrina das virtudes nacionais, impunha-lhe, por outro, o epíteto de um dos maiores focos de epidemias do mundo. Na primeira metade dos anos 1890, num cômputo com outros dezenove centros urbanos, o Rio de Janeiro ocupava a incômoda posição de sétima cidade mais insalubre.” (PECHMAN, Sérgio e FRITSCH, Lilian. A Reforma Urbana e o seu avesso: Algumas considerações a propósito da modernização do Distrito Federal na virada do Século. Revista Brasileira de História, S. Paulo, v. 5, n° 8q9, p. 140, set.1984/abr. 1985).
Considerando o texto acima e os seus conhecimentos sobre as doenças e as reformas urbanas, o controle social e as disputas de poder no Brasil e na Europa do final do século XIX, assinale a alternativa correta:
-
A Doenças como a febre amarela e a varíola, entre outras enfermidades que matavam os habitantes do Rio de Janeiro do final do século passado, reduziram sua capacidade de ceifar vidas com o advento da República, pois já na primeira década do novo regime estas doenças tinham sido controladas;
-
B O adensamento populacional e a aglomeração humana geravam como subproduto as enfermidades de massa e as epidemias no Rio de Janeiro, o que não ocorria em outros centros do País, visto que os demais núcleos urbanos seguiam um lento crescimento, ao contrário do Distrito Federal;
-
C Algumas enfermidades que grassavam na Europa, como o tifo e a tuberculose, elegiam como alvo os organismos mais debilitados pelas más condições de trabalho e moradia, enquanto, no Brasil, doenças como a cólera não escolhiam suas vítimas, atacando, também, os setores sociais da elite, exigindo maior atenção da administração pública;
-
D A higienização das cidades da época exigia a adoção de medidas amplas em seu tecido urbanístico, no entanto, para dar cabo das epidemias era suficiente apenas o uso dos conhecimentos dos médicos sanitaristas, o que dispensava os conhecimentos de outros profissionais;
-
E O debate sobre a urbanização se esgotava nas opções apresentadas pelos princípios do capitalismo liberal, uma vez que os valores do socialismo foram suplantados à época pelos liberais ortodoxos com a Proclamação da República.