Questões de Direito Penal do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas

Limpar Busca

Desejando apropriar-se de dinheiro público, Caio, funcionário concursado da Prefeitura de Manaus, elabora o seguinte plano criminoso: (1) valendo-se de seu cargo e função na secretaria de fazenda daquele município, Caio cadastra a conta-corrente da empresa de seu cunhado Tício como sendo uma das contas de uma das empresas que vencera uma licitação para execução de serviços à prefeitura; (2) ao realizar a autorização para pagamento dessa empresa, Caio destina apenas 95% dos valores à conta-corrente da empresa regularmente contratada e 5% para a conta-corrente da empresa de seu cunhado; (3) Tício, por sua vez, saca os valores, dividindo-os com Caio na proporção de 50% para cada um; (4) Mévio, também funcionário concursado da prefeitura e trabalhando na mesma secretaria, cuja responsabilidade é conferir os pagamentos autorizados por Caio antes da liberação, deixa, por negligência, de fazer a conferência, de modo que o desvio ocorre. A responsabilidade penal de Caio, Tício e Mévio, respectivamente, se configura como:

  • A peculato doloso, estelionato qualificado, peculato culposo;
  • B peculato doloso, peculato doloso, peculato culposo;
  • C peculato culposo, peculato doloso, nenhum crime;
  • D peculato doloso, peculato doloso, nenhum crime;
  • E estelionato qualificado, estelionato qualificado, nenhum crime.

Caio e Tício são sócios e únicos diretores responsáveis por uma empresa de construção. Desejosos de participar de uma licitação para a construção de uma escola pública e movidos pelo interesse de executar uma obra impecável, apresentam uma proposta 15% mais barata do que os valores normalmente contratados com o setor público para obras semelhantes. Contudo, considerando que o edital exigia que a empresa contratada não tivesse sido declarada inidônea – requisito que a empresa de Caio e Tício não possuía – os sócios decidem forjar um documento simulando que a declaração de inidoneidade de sua empresa fora anulada judicialmente. Ao final do processo licitatório, a empresa de Caio e Tício é selecionada e a obra é executada pelo valor previsto. Seis meses depois de entregue a obra, contudo, a falsificação é descoberta. Nesse caso, a responsabilidade penal de Caio e Tício corresponde a:

  • A crime de inserção de dados falsos em sistema de informações (Art. 313-A, do Código Penal);
  • B crime de contratação inidônea (Art. 337-M, do Código Penal);
  • C crime de corrupção (Art. 317, do Código Penal);
  • D ) crime de fraude em licitação ou contrato (Art. 337-L, do Código Penal);
  • E nenhum crime, pois a obra foi realizada e não houve prejuízo à Administração Pública.

Pedro foi intimado do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória, que o considerou culpado pela prática de crime contra a fé pública, condenando-o à pena privativa de liberdade, que foi substituída por pena restritiva de direitos. Considerando a sua aspiração de concorrer a um cargo eletivo, um amigo lhe informou que sua cidadania estava suspensa em suas acepções ativa e passiva. A informação do amigo de Pedro está:

  • A errada, pois tão somente a pena privativa de liberdade gera essa consequência, enquanto produzir efeitos;
  • B certa, pois a pena restritiva de direitos gera essa consequência, enquanto produzir efeitos;
  • C parcialmente certa, pois a cidadania de Pedro somente foi suspensa em sua acepção passiva;
  • D errada, pois a cidadania, como fator nuclear da democracia, não é suscetível de ser suspensa;
  • E parcialmente certa, pois a cidadania de Pedro somente foi suspensa em sua acepção ativa.

Relativamente ao tema dos crimes contra a administração pública, especificamente quanto ao conceito penal de funcionário público, é correto afirmar que:

  • A o funcionário público, para os efeitos penais, é todo aquele que exerce cargo, emprego ou função pública, desde que de forma remunerada;
  • B a pessoa que exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal não pode ser equiparada a funcionário público para fins penais;
  • C se o funcionário público for ocupante de cargo em comissão, a pena pelo crime funcional será aumentada da terça parte;
  • D a pessoa que trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública não pode ser equiparada a funcionário público para fins penais;
  • E o particular que atua em coautoria ou participação com o funcionário público na prática do crime funcional não responde pelos crimes de funcionário público, mesmo que tenha conhecimento da qualidade funcional de seu comparsa.

Mévio é prefeito de um pequeno município, sempre muito preocupado com o bem-estar dos cidadãos de sua cidade. Diante da proximidade do final de seu segundo mandato – faltando seis meses para terminar – e decidido a não disputar nenhum cargo eletivo, Mévio resolve tomar uma medida impopular, mas extremamente necessária: a construção de uma rede de esgoto sanitário no bairro mais pobre do município. Mévio sabia que a despesa total da obra não poderia ser paga no mesmo exercício financeiro e que as parcelas restantes não possuíam contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa, mas, mesmo assim, ordenou a despesa, pois sabia que tal medida jamais seria tomada por outro político, uma vez que não reverteria em votos nem apoio político. Nesse caso, é correto afirmar que Mévio:

  • A praticou crimes contra as finanças públicas (Capítulo IV do Título XI do Código Penal);
  • B praticou crimes contra a administração pública em geral (Capítulo I do Título XI do Código Penal);
  • C praticou crimes contra a administração da justiça (Capítulo III do Título XI do Código Penal);
  • D praticou crimes contra a administração pública estrangeira (Capítulo II-A do Título XI do Código Penal);
  • E não praticou nenhum crime.